sábado, 1 de agosto de 2009


O lugar era frio. Frio, escuro e o vento gelado cortante soprava medo. E lá não tinha vida, as árvores negras retorcidas estavam mortas. O ar era sulfúrico e talvez fosse este cheiro corrosivo que dava nós no seu estômago e dava ânsias de tempos em tempos.E ela corria. Corria muito. Corria rápido. Corria mesmo sem saber fazê-lo, como todos diziam.
Corria porque tinha apenas um pensamento:
“ - Tenho que encontrar a Luz.”


Quando as pessoas morrem elas precisam caminhar para a Luz.
“ - Quando as pessoas morrem por dentro elas precisam fazer a mesma coisa.”


Frequentemente asas negras a envolviam com tal força que o sal de seus olhos saía involuntariamente. A menina fugia de seu próprio Inferno, pois ele parecia mais forte que ela.
“ - Criei meus próprios demônios. Agora eles existem com tanta intensidade que já não sei se posso me desvincular deles.”


E ela pensava em desistir. Quando estava quase se entregando porém, a imagem de sua Luz lhe vinha ao pensamento. A força protetora daquela pequena era diferente de todas as outras. Tinha olhos castanhos brilhantes, primos das estrelas, e um sorriso iluminado filho do Sol. Era, em carne e osso, o seu Anjo. Paradoxal dizer que o divino é composto de matéria. Mas era o calor que emanava da figura de sua Luz na sua mente que lhe dava energias, e ela conseguia se desprender das penas cor de breu da Culpa, jogando Flores de Seus Sonhos nela.


Mas Culpa, apesar de se enfraquecer com os Sonhos da menina, não desistia de persegui-la . Ela parecia invencível, se alimentava da Sombra daquela pequena tão indefesa e inspirava seu Medo. E quanto mais Culpa tragava o Medo e a Sombra da menina, mais eles cresciam.


A pequena tropeçava, seus joelhos doíam e seus olhos ardiam com seu choro. Procurava, muito atenta, as raras Flores dos Sonhos naquela terra seca e infértil. Logo descobriu que Sonhos em semente revigorava a Culpa.


Elas (as Flores) ficaram cada vez mais difíceis sua pele parecia estar em chamas pela febre, mas ela sentia muito frio. E ela teve MUITO medo. Culpa ficou mais forte, sua risada de vitória ecoava pelo lugar.
“ - Minha Luz, onde está você?”
Ela estava fraca, corria, fugia há dias. Sem descanso, num eterna luta contra sua Culpa e seu Inferno, fortalecendo-se apenas de seus pensamentos sobre a sua Luz.
“ - Não aguento mais…”


As asas negras da culpa farfalharam pela ultima vez em suas costas.


Seus olhos se fecharam, seus joelhos cederam e ela caiu.

O problema era a culpa.

Não era apenas o fato de estar perdidamente apaixonada por um dos caras que se tornou um de seus melhores amigos. Não era a saudade, a necessidade que ela tinha de respirar o cheiro dele e muito menos o ciúme das meninas infinitamente mais bonitas & interessantes que ela - isso também, mas não exatamente isso.

O fato é que ela tinha que esconder o que sentia. Ela tinha que encarar o sorriso dele todos os dias, queria estar sempre por perto, queria passar dias e dias apenas contemplando seu olhar, etc, mas tinha que fingir que não queria nada disso, e sim a linda amizade dele. Hipocritamente, seu olhar não era o mesmo, o seu sorriso não era o mesmo, a sua presença não era a mesma, o seu abraço não era o mesmo. Seus sentimentos, não eram os mesmos.

Então ela amava e odiava tudo isso, simultaneamente. Amava estar perto dele, e odiava o que a levava a isso. Amava quando ele a abraçava, mas odiava a forma com que ela estava presa a ele, com ou sem abraços.

E ela amava a maneira que ele amava.
Mas odiava a maneira que ela estava destinada a amar de volta.

E como uma criança que tem medo de escuro, aquela pequena tinha medo dos dias nublados.

Se era alguma espécie de premonição ou só medo mesmo ela não sabia. Mas a falta que o sol fazia era terrível, era quase uma dor profunda, e dependendo do ponto de vista, era realmente uma dor. Estranho? Não mais que os espirros que ela dava a cada três minutos e que o frio iminente que ela sentia em sua epiderme, mesmo estando bastante agasalhada. Era incomum essa abstinência solar, a melanina quase inexistente de sua pele branca já respondia isso. O seu nojo de suar, e o astigmatismo {resistência à luz} também.Porém o medo do céu acinzentado fazia ressurgir o antigo medo de ter seu coração transformado numa pedra de gelo. E era por causa disso que ela precisava de uma luz, nem que esta passasse por uma pequena fresta de sua janela. Era apenas para ter certeza de que o mundo não escureceu lá fora. Ou certeza de que ela não ficará perdida nas trevas dentro dela.

Porque dentro dela, tudo queimava, mas nada aquecia.
sábado, 14 de março de 2009
Sete segundos. Sete segundos que pareceram uma eternidade. Que fizeram o mundo desmoronar e automaticamente se reconstruir. Que conseguiu violar a lei de Indestrutibilidade da Química. Que fez um mundo sem leis.
E tudo pareceu afogar-se em chamas, porque o calor do olhar dele era algo plasmático. Desorganização total de átomos, que pareceu desintegrá-la.
E ela correu, mas não conseguiu sair do lugar. E ela gritou, mas ninguém ouviu. E ela disse “eu te amo”, mas ele não percebeu.

Sua cintura queimava com a mão dele que pousava delicadamente sobre sua sutil curva. Ele era feito de fogo. Fogo que purificava, protegia, fogo-oferenda, que a fazia deusa e serva, divina e escrava. E esse fogo também era a seiva da vida, seu veneno, seu vício. Sem ele ela congelaria.

E foram sete segundos que seus olhares ficaram conectados, ele disse um ‘Oi’ e ela ficara hipnotizada. E quando ele passou, ela apenas balançou a cabeça em sinal de negação para organizar as ideias.

A vertigem do contato da pele dele com a dela passava aos poucos, e de sete segundos, tornou-se sete minutos de sinapse confusa. De sete minutos, partiu-se para 7 horas pensando nele. De sete horas, passou para sete noites sem dormir. E dessas sete noites, ela tentava perdoá-lo setenta vezes sete vezes. Perdão por algo que ela não conseguiu definir.

Os sete segundos foram eternamente rápidos demais para pensar nisso.
domingo, 8 de março de 2009
Sabe se lá como ela chegou em casa, o fato é que ela estava molhada e tremia como se o trincar de seus dentes fossem hélices de helicóptero.
E essa pode até ser uma analogia totalmente sem lógica, mas esse era o problema. Tudo estava sem lógica, sua vida estava sem lógica. Nada parecia se encaixar. E nas raras vezes que seu quebra-cabeças estava quase encontrando um encaixe, algo mudava todas as outras de lugar e partia a sua peça-quase-encaixada em pequenos pedaçinhos.
E talvez fosse por isso que ela não gostava de Matemática. Como entender que fórmulas e leis se equivaliam perfeitamente em seus livros sendo que na sua vida elas não valiam de nada?
E como resolver uma Equação Simples de Primeiro Grau, se ela tinha conhecimento de causa que 1 + 1 nem sempre eram 2?
Ela já havia colocado em evidência que estava em uma situação-problema muito complicada. Um trinômio quadrado perfeito, mas ela, infelizmente era o único termo que não possuía fator comum.
Passou a racionalizar seus pensamentos. Mas ele era a raiz de toda e qualquer questão e parecia não querer sair do seu coração denominador.
Começou a fatorá-lo e descobriu dízimas de razões para não amá-lo. Mas seus sentimentos não pertenciam ao conjunto Real, localizava-se nos Imaginários ou talvez fosse indeterminado como zero elevado a zero. A ordem de grandeza do que sentia era algo que não se podia colocar em notação científica.
Deus não estava ajudando a esquecê-lo. Será que Bhaskara o faria? E porque essa dimensão de números e conjuntos era ao mesmo tempo ridícula e fascinante? Era tão parecido com ele, menino racional, motivado pela mente e não pelos sentimentos e impulsos.
Por algum tempo, ela também gostaria de ser assim, seria tão mais fácil, machucaria menos. Ela não precisaria ver o sorriso dele todos os dias, e fingir que não queria-o apenas para si.
Despiu-se e foi para o banho. Deixou que uma água quentíssima batesse contra sua pele, e desejou que ela levasse consigo tudo o que sentia, já que a chuva não o fez.

Não levou.

Continuava ali, mais presente que nunca.

Só então ela passou uma borracha em tudo, e concluiu que amores, flores e blablabla estão acima das coisas deste mundo de cálculos e raciocínios. Não eram números. O que ela sentia era quase vivo e independente, que crescia e respirava.

Huumm… Já lhe contei porque ela odeia Biologia?
Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa, que se você for parar pra pensar, é na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho: chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas.Mas nem sempre precisamos das coisas certas. Aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é para na hora que vocês se encontrarem a entrega seja muito mais verdadeira.A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lagrimas, essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma inesquecível noite de amor. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar toda a vida esperando você. A pessoa errada tem que aparecer para todo mundo, porque a vida não é certa, nada aqui é certo. O certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo amando, sorrindo, chorando, pensando, agindo, querendo e conseguindo. Só assim, é possível chegar aquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus, deu tudo certo!", quando na verdade, tudo o que Ele quer, é que a gente encontre a pessoa errada, Para que as coisas comecem a realmente funcionar direito prá gente.
Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.

Texto de Luís Fernando Veríssimo, que narra bastante do que eu tô passando nesses ultimos tempos. TIVE que postar. Beijos grande :*
segunda-feira, 2 de março de 2009
Aconteceu num belo dia, quando ela acordara ás 5 horas da matina, sem sono, tranquila.

Abriu os olhos, sentiu o perfume que vinha do mar, a brisa refrescante e a textura da rede em que se encontrava deitada.

Viu o mundo diferente, com mais cores, e se perguntou de onde teriam surgido todas aquelas matizes, perfeitamente pintadas em uma aquarela real.

Sentiu-se leve, transparente, quase líquida. Era quase como se ela pudesse tocar o vento que atravessava cada poro de sua pele.

Estava tudo tão certo - certo DEMAIS - que havia alguma coisa errada.

Olhou para o passado, para trás. Para dentro de si mesma. Ela era incolor, mas o passado era algo muito distante dela, sobraram apenas resquícios, cicatrizes finas como pequenos arranhões.

Então ela percebeu.

Ela finalmente, estava LIVRE.

Livre das algemas e correntes que a aprisionavam a todo o sofrimento de um pretérito distante.

Os seus pensamentos também estavam límpidos, e seu coração não guardava rancor.

Como uma fênix, ela ressurgiu das cinzas.

Ela era uma pluma, repousando delicadamente no mar.

Levantou-se da rede, e foi até a praia. Neste dia, até os céus pareciam dar as boas vindas a ela.

Ah, o mar. O seu companheiro de sempre, o seu confidente.
Quantas lágrimas aquelas aguas sagradas não carregaram pra longe, quanta purificação aquele sal liquido nao lhe proporcionara.

Quantas surpresas ele não lhe trouxera...

Lembrou-se do dia anterior e sorriu enquanto as ondas se arrebentavam contra seu corpo.

O moreno que caminhara com ela pela areia da praia. A conversa que tiveram, as experiencias trocadas.

O olhar dele, olhando para o horizonte.

O jeito que balançava a cabeça, parecendo negar, quando ria.

Até mesmo a imensa franja de cílios que cobria seus olhos castanhos. Ela havia reparado naquele garoto, e por um momento, até cogitou que ele poderia ser seu, por uma noite, em algum Luau talvez.

Correndo no meio das pedras, abençoados pela luz da Lua Cheia refletida no seu Amigo Mar.

Sentiu um gosto salgado nos lábios e se perguntou se era do mar ou de seu pranto de alegria.

Qualquer que fosse o motivo, aquele sal purificava sua alma naquele momento.

Contou estrelas. Tocou a areia. Vislumbrou a paisagem como um cego que vê a luz pela primeira vez. E naquele instante sentiu o amor invadi-la. Amou aquilo tudo, como quem ama um pai ou uma mãe. Um amor puro. O amor Ágape dos gregos. Dos Deuses. De DEUS.

E quaisquer formas de amor que houvessem, viria Dele.

E se arriscaria, mergulharia de cabeça naquele mar de amor, mesmo sem saber nadar. Ela sabia que alguém iria salva-la, que alguém iria segurá-la quando ela não sentisse mais seus pés tocarem no fundo de pedras e areia.

E se por acaso não houvesse ninguém? Quem sabe num instinto de defesa, ela não aprendesse sozinha a emergir em meio aquela imensidão?

Ela correria o risco.

Mas o risco de deixar de amar para sempre, este, ela não mais correria.
domingo, 1 de março de 2009
A pior coisa do amor é que ele me faz sentir vulnerável e fragilizada.
E, juro, sei que prender a minha estrela não é a coisa certa, mas algo no fundo de minha alma mantém um elo inquebrável a essa massa energética de luz.

E o que me mata é saber que só encontrarei liberdade quando deixar você ir embora completamente de dentro de mim. ;~

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A idiotice é vital para a felicidade

A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, porque fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse.Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente é ele, pobre dele! Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e ponto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselhos para tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça? (Arnaldo Jabor)



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